BLOGGER TEMPLATES AND TWITTER BACKGROUNDS »

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Terra Nova à vista.

Mais um admirável mundo novo

É o segundo exoplaneta do tipo Super-Terra a ser descoberto pelos astrónomos e o primeiro onde foi encontrada uma atmosfera.



Dificilmente se tornará uma estância turística: é um planeta demasiado quente, tem uma atmosfera com duzentos quilómetros de espessura (a nossa, por comparação, tem entre 10 a 15 quilómetros), condições inóspitas que tornam muito difícil a existência de formas de vida tal como as conhecemos. E encontra-se a 40 anos-luz de nós – em termos cósmicos, é um vizinho do lado.

É uma Super-Terra porque é maior do que o nosso planeta. E diz-se exosolar por orbitar uma estrela diferente do nosso Sol.  No caso deste planeta agora descoberto – recebeu o sugestivo nome de GJ 1214b –, tem uma massa 6,5 vezes maior e um raio que faz 2.7 vezes o da Terra. Encontra-se a 2 milhões de quilómetros da sua estrela, 70 vezes mais perto do que o nosso planeta está do Sol (150 milhões), mas não é um forno infernal como a face iluminada de Mercúrio: a estrela que GJ 1214b orbita é uma anã vermelha, com 15 da massa do Sol e uma luminosidade muito inferior.

Deste conjunto de condições resulta uma temperatura à superfície que os cientistas calculam ser de 200 graus Celsius, «demasiado quente para que a água se encontre em estado líquido», segundo David Charbonneau, principal autor do artigo na Nature onde esta descoberta foi apresentada.

A espessura da atmosfera é também um sério problema, pois a alta pressão e a ausência de luz não permitem que a vida, tal como a conhecemos, possa existir: uma atmosfera desta densidade seria tão pesada que nos esmagaria em segundos como se carregássemos mil oceanos às costas.

Portanto, se por hipótese absurda tivéssemos a tecnologia necessária para dar um bigode a Einstein e à sua previsão de que a velocidade da luz é o limite máximo de velocidade possível; se nos fosse possível percorrer 40 anos-luz em buracos de verme construídos no tecido do Espaço-Tempo como fez a astrónoma Ellie Arroway no filme Contacto; se nos fosse possível suportar o peso da atmosfera, então vislumbraríamos um mundo demasiado estranho, escuro, muito escuro, onde uma brisa nos pareceria um furacão, um Sol quase invisível, um fantasma vermelho que nada iluminaria, uma superfície «provavelmente composta por água (vários tipos de gelo, líquida e gasosa), envolvida numa camada fina (0.05 por cento da massa) de hidrogénio e hélio», como escreve Luís Lopes, professor no Departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, no blogue de Astronomia do astroPT.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fe/Exoplanet_Comparison_GJ_1214_b.png
comparação entre terra, netuno e GJ 1214b

Se possuíssemos equipamentos capazes de funcionar nestas condições, talvez pudéssemos confirmar um núcleo de rocha e metal, 1/4 da massa do planeta.

No entanto, não obstante a impossibilidade da vida, é uma descoberta importante por ser a primeira vez que temos possibilidade de estudar uma atmosfera recentemente formada, ainda por cima «envolvendo um planeta que orbita outra estrela», como referiu um dos membros da equipa de investigadores, Xavier Bonfilis. E o planeta é quente demais para manter uma atmosfera durante muito tempo.

0 comentários: